Resenha do filme Um Dia
Sem dúvida, um filme excelente, mas saí do cinema com um gosto amargo na boca e o coração cambaleante, em frangalhos. Fui alvejada em cheio do lado mais íntimo e frágil de mim: minha emoção. Durante as cenas, escondi minhas lágrimas dos outros e de mim mesma como pude, engolindo em seco a vontade escandalosa de chorar até não poder mais, sem poder.
Chorei sozinha, por dentro, em silêncio para só mais tarde me permitir chorar de verdade e ainda mais. Chorei por tudo que vi, não vi e gostaria de ter visto da minha vida ali. Chorei pelos pretéritos imperfeitos acumulados por mim nessa estranha conjugação de vida, pelas lembranças e tentativas frustradas de felicidade vividas, pela saudade tão grande e tão forte que nunca me permito sentir, pela falta absurda que algumas poucas coisas me fazem, pelos grandes amores que acredito existirem, porém sem nunca de verdade senti-los.
Sei que lágrimas não são nada práticas nem resolvem problemas de forma definitiva, mas chorar é o que alivia quando a vida fica pesada demais. As lágrimas desatam os nós invisíveis que se formam com o tempo dentro da gente. Aqueles, os mais complicados e insolúveis que nos fazem andar por aí carregando o peso do mundo nas costas.
Como é triste aceitar viver com pouca ou nenhuma esperança, abandonando sonhos, desejos, lugares. Colocando pontos finais em histórias e pessoas por medo, receios, inseguranças mil. Tentando, no fundo, esconder de todos e de si próprio aquilo que se quer de verdade, negando a si mesmo tudo aquilo que mais se precisa.