Resenha de "A Varanda do Frangipani"
Cladimir Tironi / Lucas Maciel
“A VARANDA DO FRANGIPANI” (Companhia das Letras, 2007, 152 páginas), do escritor africano Mia Couto, traz a história de Ermelindo Mucanga, um xipoco (alma penada) que entra no corpo de um vivo em busca de “remorrer”.
Logo nas primeiras páginas encontramos duas citações: uma de Chaka, fundador do império Zulu e outra de Eduardo Lourenço, ambas de difícil interpretação em relação ao texto, dispensáveis talvez. Ao chegarmos à história de fato, nos deparamos com um morto bem diferente, reclama de tudo, menos de estar morto. Em meio as suas murmurações, revela que não foi enterrado em funeral adequado, assim, se transforma em xipoco e aceita a prisão na cova, ao contrário de outros, que ficam vagueando de paradeiro em desparadeiro.
Para sorte do leitor a história não se prende a queixas de um falecido, o mesmo sente-se perturbado por pás e enxadas que procuravam um morto para transforma-lo em herói nacional. Já falavam que morrera em combate contra o ocupante colonial. Preocupado com isso Ermelindo pede conselhos ao pangolim, o animalzinho lhe aconselha a ir para o lado da vida novamente, para “remorrer” em alguém com as devidas honras.
O pangolim lhe diz que a pessoa para reencarnar é Izidine Naíta, um polícia com seis dias de vida e que veio a fim de descobrir quem matou Vasto Excelêncio – diretor do asilo São Nicolau. Já hospedado em Izidine, Ermelindo relata a chegada do polícia e do primeiro testemunho: o “velho criança” Navaia Caetano, que para surpresa do leitor confessa o crime. Navaia explica que possui uma maldição: idade antecipada, ficou velho logo que nascera. Enquanto ele contava sua história, dizia que rugas novas apareciam e o cansaço aumentava, relata também que se contasse sua verdadeira história, morreria ao dizer o fim. Uma vez muito contou e percebeu que iria morrer. Os velhos em busca de salvá-lo, se reuniram com a feiticeira e fizeram uma cerimônia, o diretor do asilo interrompeu