Resenha Crítica

QUINTELA, Paulo. Gil Vicente: Auto de moralidade de embarcação do inferno.
REBELLO, Luiz Francisco. Os autos das barcas. Lisboa: Europa-América, 1973.
SPINA, Segismundo. Obras-primas do teatro vicentino. São Paulo: Difusão Europeia do Livro / Editora da Universidade de São Paulo, 1970.
Gil Vicente foi um poeta e dramaturgo português. É considerado, por muitos estudiosos, como o pioneiro do teatro português. Sua obra mais conhecida é " A farsa de Inês Pereira". Suas obras marcam a fase histórica da passagem da Idade Média para o Renascimento (século XVI). Nasceu na cidade de Guimarães (Portugal) em 1466, morreu em 1536.
Auto da Barca do Inferno é um auto onde o barqueiro do inferno e o do céu esperam à margem os condenados e os agraciados. Os que morrem chegam e são acusados pelo Diabo e pelo Anjo, mas apenas o Anjo absolve. Nesta sua obra famosa, vemos um desfile de figuras diversas adentrando o mundo sombrio da pós-morte, onde em um cais perdido no limbo eles têm de escolher entre dois barcos para terminar sua jornada – o do Paraíso e o do Inferno, guiado pelo satírico Mefistófeles. Ele rouba a cena, julgando cada um com o seu sarcasmo e ironia afinados.
É clara a intenção do autor em expor de forma satírica e despojada os grandes vícios humanos. A forma encontrada para isso reside nos personagens, ou melhor, nas almas que se apresentam no porto em busca do transporte para o outro lado, dentro da visão católica e platônica de céu e inferno.
Suas obras são um reflexo da passagem da Idade Média para o Renascimento, o seu gênero foi Dramaturgo, ou seja, escrevia Peças e Autos Teatrais. Suas peças destinam-se a Moralizar a sociedade portuguesa do Século XVI por meio de composição de tipos alegóricos – que até hoje se representam com atualidade – e representa uma visão de mundo religiosa, de valores cristãos rígidos.
Nas peças Vicentinas quase não há cenário, por isso o autor usa da linguagem para caracterizar as personagens. Os trajes dos personagens podem ser