Resenha crítica - o teatro dos vícios
O objeto desta análise, “O teatro dos vícios” foi escrito por Emanuel Araújo e publicado pela Editora Universidade de Brasília em 1997 (2ª edição). O autor possui suas teses de mestrado e doutorado na área de história antiga, realizadas na Universidade de Brasília (1968/1969) e sua área de atuação é abrangente, envolvendo História Antiga, Medieval e do Brasil (período colonial, especificamente).
O eixo principal da análise é a história social e das mentalidades no Brasil colonial, narrada de forma mais ampla, buscando fugir do caráter micrográfico da historiografia tradicional. No prefácio o autor descreve sua metodologia em relação às fontes: limitou-se ao universo documental de fácil acesso aos leitores que buscarem aprofundar sua consulta. E apresenta um aviso: “Não pretendo provar nada nem levar a termo algo insano como uma interpretação global da sociedade colonial” (ARAÚJO, 1997, p. 13). Partindo dessa afirmação, cabe destacar o foco do estudo levado a cabo pelo autor, que é a sociedade urbana.
Capítulo 1 – O cenário urbano
Desde o início do processo de colonização, a organização do espaço urbano na América portuguesa teve como base uma “tradição medieval das cidades alta e baixa, das capelas e fortes postados nos cimos e em torno dos quais se espalhava o casario” (ARAÚJO, 1997, p. 31). O local onde se erigia o sítio matriz era via de regra, desconfortável para a circulação que se dava por ladeiras tortuosas e íngremes. Diferentemente da América espanhola, onde havia certa preocupação com as facilidades de locomoção e o lazer dos habitantes.
A colônia vivia sob o estigma do “provisório” e desse modo, tanto as autoridades quanto os reinóis aqui instalados viam essa terra como um empreendimento de lucro rápido, sempre almejando o retorno à pátria. Assim se explica o desleixo da administração e da urbanização. A este último se soma o estilo de vida disperso pelo interior, onde se concentrava a maioria da população e as principais fontes