Resenha crítica: A Conquista da América (Todorov)
O autor apresenta um questionamento referente ao que deveria ser o significado de compreender e tomar, mencionando um paradoxo da compreensão que mata, quando a mesma se faria ausente se pudesse ser percebido nos que compreendem, um julgamento de valor integralmente negativo sobre o outro. No entanto, nos documentos deixados pelos colonizadores, percebe-se admiração pelos astecas. O deslumbramento de Cortez é nítido para o autor que, descreve-o embasado nas cartas de Cortez para sua Majestade. O colonizador parece quase não acreditar no que vê devido a tanta beleza, organização, harmonia e algumas semelhanças com sua terra natal, comentando ainda que construções como estas não existem na Espanha. Neste momento o questionamento do autor diante de tanta admiração, denota-se em compreender este paradoxo, quando os colonizadores passam da admiração para a destruição. Fazendo uma comparação entre Cortez e Colombo, o texto mostra que para Colombo os índios não passam de objetos decorativos naturalistas, enquanto para Cortez os índios podem até ser vistos como sujeitos, porém, como sujeitos produtores de artesanatos, sujeitos malabaristas, entre outros e, não como sujeitos comparados ao “eu” que os concebe. Tal concepção de Cortez está em concordância com muitos europeus de seu tempo, onde a arte asteca, mesmo com sua exuberância, não exerce influência sobre a arte europeia, talvez pelo “sentir-se superior” dos europeus. Assim sendo, o autor denota seu título dizendo respeito ao não reconhecimento do outro como sujeito, ou seja, os colonizadores não respeitam os astecas concernente a seus valores, utilizando essa compreensão com intuito de dominá-los impreterivelmente. Pode-se fazer ainda uma menção entre essa atitude e em algum momento no livro de Maquiavel intitulado “O Príncipe”, publicado em 1513, onde é mencionado que