Resenha crítica do filme: narradores de javé
Direção: Eliane Caffé
O filme se desenvolve no cenário nordestino de condições precárias em relação ao desenvolvimento das grandes cidades. A história é narrada, em um pequeno estabelecimento do Vilarejo de Javé.
O grande conflito da história é a criação de uma hidrelétrica bem na região que destruiria praticamente todo o vilarejo obrigando os moradores a se acostumarem com a nova situação.
Descobrem que para evitar esse acontecimento só seria possível se a região carregasse consigo algum fato histórico de relevância. Com isso decidem elaborar um “documento científico” com as narrações de diversos moradores a respeito dos acontecimentos importantes por eles vivenciados.
Entram o primeiro entrave quando se vêem se ninguém com conhecimento suficiente para escrever o tal documento, até que decidem colocar o antigo carteiro, único que sabia escrever, para redigir as narrações.
Podemos perceber até aqui que a maioria dos conhecimentos identificados na trama até agora são de cunho popular e empírico onde os próprios moradores narram suas histórias e histórias que conheciam sobre o vilarejo.
O interessante é que os moradores tentam fazer com que esses conhecimentos se tornem científicos, devido ao interesse de torná-lo um documento. Dessa forma o conhecimento popular passaria a ser um conhecimento científico.
Mesmo com o conhecimento do ex-carteiro, ele tem dificuldades em colocar no papel as narrações já que essas sofrem um misto de memória e história, de verdade e invenção, valores e crenças, a diferença entre escrita e a fala. Todos esses pontos dificultam a criação do “documento” prejudicando a integridade na elaboração do mesmo.
Com toda essa confusão em conciliar a verdadeira história com o que as pessoas acreditavam que era, muitas vezes acrescentando seus nomes nas histórias, para que fizessem parte dos acontecimentos históricos do vilarejo, o documento acaba por não ser escrito.
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