Resenha Critica - O Grade Gatsby
Essa leitura ébria e “em movimento” talvez explique um pouco da sua versão para o livro de F. Scott Fitzgerald. Como as exóticas paisagens que ornam a viagem no famoso trem que liga Moscou a Pequim, o filme é esteticamente atrativo, graças a direção de arte e ao elenco perfeitamente caracterizado. A velocidade inebriada com que se move, contudo, impede a visualização de detalhes essenciais, fazendo com que passe pelos olhos do espectador apenas um belo borrão e não um retrato vívido das paixões humanas – como no livro publicado em 1925.
Como um leitor descuidado, preocupado apenas com o contexto, Luhrmann ignora a perspicácia de Fitzgerald e aplica cada conceito de forma exagerada, tomando simples metáforas como sentenças literais. Nem a característica narração em primeira pessoa do romance escapa. O depoimento de Nick Carraway (Tobey Maguire) precisa ser devidamente explicado, contextualizado. No filme, ele não é apenas a voz que testemunha a história de Jay Gatsby – seu misterioso vizinho bilionário que oferece concorridas e descontroladas festas na casa ao lado. Resgatando a figura do escritor desesperado que conduz Moulin Rouge, Nick é um alcoólatra moribundo que escreve seu relato por prescrição médica. As palavras tomam conta da tela inúmeras vezes, em um exercício óbvio de alertar ao espectador sobre a conexão entre as imagens e a palavra escrita.
Ainda emulando Moulin Rouge, a trilha sonora anacrônica funciona na teoria, sob a ideia de que Jay-Z e o Hip Hop seriam o equivalente contemporâneo à efervescência do Jazz da década de 20. Porém, Luhrmann, que já dominara a fórmula da sobreposição de épocas e estilos em Moulin Rouge e Romeu + Julieta, sintonizando