Resenha critica paraísos artificiais
O início da projeção é bem trabalhado ao compor a saída de Nando da cadeia e seu retorno ao meio social e à família, revelando, silenciosamente, sensações há muito não presenciadas pelo rapaz, como quando ele aproveita o vento ao pôr a cabeça para fora do carro, ou ao tomar um banho demorado e calmo quando chega em casa. O impacto das mudanças também é sentido, já que ele percebe as variações físicas e temperamentais no irmão mais novo e os desentendimentos entre este e sua mãe. Interessante é notar também como a fotografia de Lula Carvalho atua desde já ao compor um cenário morto, descolorido, seja na saída da prisão ou nos cômodos escuros do apartamento do rapaz, diferindo claramente das cenas que vemos logo que surge o primeiro salto temporal da película, ao migrarmos para o centro de uma boate, recheada de luzes e batidas das canções.
Tão logo a psicodelia começa a atuar no filme, os primeiros traços de confusão por parte do roteiro começam a surgir, já que, até que voltemos à atual realidade de Nando, passamos não só por um longo flashback, apenas abandonado no início do terceiro ato, como temos inúmeras idas e vindas para diferentes épocas das vidas dos personagens dentro daquele mesmo contexto. Logo, nos sentimos perdidos inúmeras vezes, tendo que realizar um esforço tremendo para se situar na trama, e quando esse posicionamento ocorre, em alguns momentos já perdemos boa parte do que havia sido narrado por desconhecermos o momento histórico. Exemplo claro disso ocorre quando vemos Érika e Lara dentro de um ônibus de turismo. Dada a