Resenha Botija De Ouro
Depois de tantos dias no castigo, trancada em solitária, a escrava começou a roer a parede. Roeu até ver brilhar algo por dentro dela, uma luz intensa amarela que aumentava na medida em que o objeto era descoberto. Ela tinha achado a botija de ouro encantada e seu feitor descobriria a proeza quando a viesse libertar.
Questionada sobre o brilho que vinha da cela, de pronto a escrava respondeu que era uma porção de vagalumes e nisso, envolveu a botija com os panos que dispunha e, liberada do castigo, disse ao algoz que enterraria os bichinhos.
Na senzala, a botija fez botar as primeiras moedas de ouro… E depois mais e mais, tantas que seria suficiente para comprar a liberdade de todos os oprimidos.
Mais tarde, desconfiado de sua escrava, o feitor veio vasculhar a senzala e levou ao tronco a menina.
“Vagalumes, vamos ver”, e passou mel na escrava para que as formigas da noite lhe viessem morder. Esperou que ela confessasse onde estava a botija de ouro.
A noite era longa e tardava a passar. Amarrada ao tronco por dias, a moleca ficava cada vez mais magra, quase já passavam suas mãozinhas pelos elos das correntes.
Como se não bastasse, o feitor lambuzava a escrava de mel para que as formigas de barriga listrada comessem ela todinha durante a noite. Mas, em socorro à menina, uma nuvem de pisca-acende vinha iluminar a noite e espantar as formigas.
Exausta de andar noites e noites amarrada ao tronco, a moleca confessou onde havia escondido a botija de ouro. Também disse ao Sinhô como fazer para que a botija despejasse moedas de ouro.
Deu que o Sinhô alisou a botija e se maravilhou com tantas moedas que dela saiam: sem parar, sem parar, sem parar… A casa da fazenda já afundava e mais moedas o Sinhô ganhava: sem parar, sem parar, sem parar…
Um grande buraco se formou ali na fazenda aonde havia a casa do Sinhô e o feitor, aquele que judiava da escrava, ninguém mais soube dele.
Os escravos que ficaram sem