o problema do riso
Licenciado sob uma Licença Creative Commons
O PROBLEMA DO RISO EM
O NOME DA ROSA, DE UMBERTO ECO título The laugh trouble in The name of the rose, by Umberto Eco
Paulo de Góes[a]
[a]
Doutor em Filosofia pela Unicamp e professor titular da Universidade de Sorocaba. Sorocaba,
SP - Brasil,e-mail: lipa@splicenet.com.br
Resumo
Umberto Eco, em seu conhecido romance O nome da Rosa, explora a questão referente ao riso, reproduzindo uma velha discussão histórica e filosófica que se reporta ao segundo livro da Poética, de Aristóteles, considerado perdido, no qual o filósofo, ao tratar da comédia, faz uma apologia do riso e suas virtudes. Duas tendências são confrontadas: uma, que tem como representante o velho monge e bibliotecário Jorge de Burgos, que define o riso como fonte de dúvida e defende que ele não deve ser livremente permitido como meio para afrontar a adversidade do dia-a-dia, e outra, representada por Guilherme de Baskerville, fundamentada em Aristóteles e seus comentadores que consideravam o riso como “próprio do homem”, sinal da racionalidade humana. Este artigo tem como objetivo explorar a duas tendências, percorrendo, de modo ligeiro, as páginas do romance, inserindo digressões de ordem histórica e filosófica.
Palavras-chave: Idade Média. Riso. Comédia. Vida monástica.
Rev. Filos., Aurora, Curitiba, v. 21, n. 28, p. 213-240, jan./jun. 2009
GÓES, P. de.
214
Abstract
Umberto Eco, in his outsdanding novel The Name of the Rose, explores the question referring to laughing, reproducing an old historical and philosophical discussion that reports to the second book of Aristotle’s Poetics, considered lost, in which the philosopher, concerning to comedy, makes an apology of laughing and its virtues.Two tendencies are faced: the first, represented by the old librarian and monk Jorge de Burgos, who defines laughing as a source of doubt and defends that it can’t be freely allowed as a way to face daily