O modelo de Big Push, formalizado por Murphy, Shleifer & Vishny (1989), parte da ideia de que “a industrialização simultânea de vários setores da economia pode ser lucrativa para todos esses setores mesmo quando nenhum setor pode lucrar com a industrialização individualmente” (LOPES, 2007, p.2). Para tanto, os autores destacam a importância dos mercados domésticos no processo de industrialização. A condição necessária, mas não suficiente para a ocorrência de um Big Push é a da existência de externalidades positivas de crescimento entre os setores. Ela não é suficiente, pois há a necessidade de um mecanismo gerador de spillovers de demanda agregada, que poderia assim dar início a um Big Push. Os autores apresentam três mecanismos, mas fazem uma ressalva que não existem somente estes mecanismos. Os mecanismos destacados são: (i) Big Push com prêmio salarial na indústria; (ii) Big Push com investimentos privados; e (iii) Big Push com investimentos públicos. O primeiro mecanismo parte do pressuposto de que firmas que produzem diferentes produtos, ao investir e expandir a produção juntas, venderão seus produtos para os trabalhadores das demais firmas, podendo pagar um prêmio salarial e promovendo a industrialização. O segundo mecanismo nos remete a um modelo de expectativas futuras, onde quanto mais setores se industrializarem hoje, maior será o nível da renda e da demanda futura. Portanto, expectativas positivas de investimento atrairiam mais investimentos entre as firmas, desencadeando um Big Push. Problemas de coordenação e expectativas negativas produziriam um equilíbrio de não-industrialização. O terceiro mecanismo busca acabar com os problemas das falhas de coordenação e incertezas que poderiam existir em grandes obras de infraestrutura feitas pelo setor privado. Por esse motivo, os investimentos estatais e a coordenação de investimentos privados pelo Estado se fazem importantes para superar, principalmente, as falhas de coordenação. No estudo econométrico