Resenha APE
Em teoria, as ferramentas da APE poderiam ser também aplicadas ao estudo das ações internacionais de atores internacionais não governamentais, como empresas ou organizações não governamentais (ONGs). Contudo, isso só é realmente viável na medida em que essas unidades desenvolvam uma atividade externa planificada e coerente, ou seja, uma política (policy). Mesmo assim, as grandes diferenças entre atores governamentais e não governamentais, começando pela ausência de constituency destes últimos, limitam consideravelmente a utilidade da aplicação desse enfoque – originalmente concebido para analisar políticas governamentais – para a análise da ação externa de atores não estatais.
O ponto de partida era a ideia de que a política externa é, antes de tudo, um produto de decisões, e que o modo pelo qual as decisões são tomadas afeta substancialmente seu conteúdo. Ou seja, a política externa deveria ser investigada a partir do suposto de que ela se constitui essencialmente de uma série de decisões tomadas por um ou mais indivíduos chamados decisores; que esses decisores agem de acordo com a definição que fazem da situação; e que essas decisões não surgem pura e simplesmente a partir dos estímulos externos, mas são sim processadas por um mecanismo dentro do Estado. Em contraponto ao que as análises sistêmicas de base realista defendiam, a partir dessa nova perspectiva o analista estaria em condições de explicar por que Estados com posições similares no sistema internacional comportavam-se de modos distintos.
O legado liberal constitui-se, ao nosso