Resenha: AI inteligencia Artificial
Steven Spielberg é capaz de agradar grandes públicos. Pode-se afirmar que ele iniciou a fase dos grandes blockbusters em 1975 com o filme Tubarão. Seu estilo de direção é baseado no envolvimento emocional do público e, por isso, seus filmes costumam ser envolventes, otimistas e esperançosos. Em contrapartida, Stanley Kubrick possui um estilo artístico apurado e bastante característico. Diversos de seus filmes foram aclamados pela crítica, ainda que não reconhecidos pelo grande público. Seu estilo de direção é racional e distante, fazendo de suas obras verdadeiras análises do lado negro da natureza humana.
O projeto do filme A.I. foi desenvolvido durantes anos por Kubrick; que, por sua vez, chegou a oferecer a direção a Steven Spielberg. Após a morte de Kubrick, Spielberg decidiu então levar o projeto adiante. A princípio, a obra cinematográfica resultante dessa combinação se mostra um pouco estranha, ficando a meio caminho entre o estilo de um diretor e o de outro. Por exemplo, enquanto muitos planos parecem emular a fotografia kubrickiana, a montagem tem os cortes rápidos de Spielberg. A preferência pelo ritmo acelerado da edição, mais palatável ao grande público, parece evitar muito do desconforto e da estranheza que as cenas poderiam apresentar caso fossem construídas de forma mais lenta e contemplativa, à la Kubrick. Com isso, a película parece não encontrar seu tom, sendo ora um conto de fadas atualizado, ora um estudo sobre o amor possessivo.
Cabe uma observação ao leitor: a partir deste ponto, o presente texto expõe revelações sobre o enredo, inclusive sobre o polêmico final do filme. Portanto, caso não queira tomar conhecimento de mais informações sobre a obra, não continue a leitura.
Na trama, que se passa em um tempo