Rerum Novarum
“questão operaria” é a mais popular dos últimos tempos, como a chamada “questão social” foi a mais ardentemente debatida de há um século pra cá.
Os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos dum pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários foram de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito.
Condição dos Operários.
Os princípios e o sentimento religiosos desapareceram das leis e das instituições públicas, e assim, pouco a pouco, os trabalhadores, isolados e sem defesa, têm-se visto, com o decorrer do tempo, entregues à mercê de senhores desumanos e à cobiça duma concorrência desenfreada.
A tudo isto deve acrescentar-se o monopólio do trabalho e dos papéis de crédito, que se tornaram o quinhão dum pequeno número de ricos e de opulentos, que impõem assim um jugo quase servil à imensa multidão dos proletários.
Os socialistas, para curar esse mal, pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida, que os bens dum indivíduo qualquer devem ser comuns a todos, e que a sua administração deve voltar para os Municípios ou para o Estado.
Mas semelhante teoria, longe de ser capaz de pôr termino ao conflito, prejudicaria o operário se fosse posto em prática. Outrossim, é sumamente injusta, por violar os direitos legítimos