Reportagem
FRANCISCO JESUS
Este Verão foi particularmente dramático no que diz respeito aos incêndios florestais ocorridos em Portugal. As consequências resultantes de mais um ano no qual se registou um aumento da área ardida.
As chamas devoradoras percorreram o país de norte a sul sem dar tréguas às populações e aos bombeiros que, incansavelmente, as combateram. A Serra do Caramulo, conhecida pela pureza do seu ar, os seus campos verdes e a beleza das suas árvores, não escapou ao fogo.
Em Agosto deste ano, arderam 72.284 hectares com 7.283 fogos; só na Serra do Caramulo foram queimados cerca de 12.000 hectares. Mais grave do que isso foi a perda de 8 vidas em consequência dos fogos, das quais 4 na Serra do Caramulo.
O incêndio que lavrou na Serra do Caramulo engoliu, em poucas horas, várias zonas habitadas, informou o comandante dos bombeiros de Viseu. Nas pequenas aldeias a angústia e o medo estavam estampadas no rosto dos seus habitantes que se sentiam impotentes perante a força destrutiva do fogo. Em alguns casos, este Verão mortífero deixara para sempre na memória das pessoas marcas cinzentas que nem o tempo conseguirá apagar especialmente naqueles que viram tudo o que tinham transformado em cinzas.
Aos 76 anos António Simões, um dos aldeões classificou de “surreal” o ambiente vivido durante aquilo a que muitos chamaram de Inferno. O secretário de estado da administração local António Amaro, que se deslocou recentemente à Serra do Caramulo, referiu que “estamos perante um caso excepcional e dramático. Aquilo que vimos este Verão confirma, não só em área, mas também em danos á natureza, á floresta, patrimoniais, económicos e até danos às pessoas”.
Se é verdade que as altas temperaturas que se fizeram sentir este Verão foram elevadas, também é verdade que a negligência pela Natureza a falta de prevenção e limpeza das matas, e ordenação do território contribuíram para criar um cenário digno de um filme de