Religião e Comunicação
Diz-se hoje que vivemos na era da comunicação. Porém também é um tópico repetido a falta de comunicação em nossos dias: entre os casais, entre pais e filhos, entre os membros da família todos ficam em silêncio ao redor da televisão (quando não estão queixando-se por ver este ou outro programa), até entre os amigos, cada um com seus fones de ouvido para escutar sua música particular...
Ainda que este juízo possa ser matizado, põe ao menos em relevo que não é comunicação tudo o que leva este rótulo. Meu e-mail me abre algumas possibilidades de comunicação, quiçá não mais intensa, porém mais rápida. Mas cada vez que eu o abro sou obrigado a perder bastante tempo eliminando mensagens com vírus (sorte que tenho um bom antivírus, que os detecta), eliminando anúncios de viagras e outras coisas que nem sequer sei o que são, ou apagando e-mails de senhoras norte-americanas que me enviam fotos suas insinuantes e me dizem que estão “casadas mas sozinhas” e que são “de mente aberta”... estes e-mails vêm de um país que tem fama de ser o mais comunicativo e o que menos comunica, no mundo atual...
Por outro lado parece que se a palavra “religião” tem que ver com algo, é com a comunicação: comunicação do ser humano com Deus ou comunicação de Deus ao ser humano (que costumamos chamar “revelação”) para ser retransmitida ou respondida.
Inclusive, sob uma ótica cristã, o significado do dogma da Trindade é que a essência mais íntima de Deus é ser comunicação plena, total e igualitária.
Conceitos
Após este mapa tão variado parece que deveríamos começar esclarecendo o que entendemos por comunicação.
Para dizê-lo de maneira bem simples falemos do contato entre a interioridade de dois (ou mais) seres humanos.
Isto implica em primeiro lugar que as duas interioridades entra em jogo. Mas tratando-se de seres corporais, implica também que o contato de interioridades só pode se fazer através de meios externos. Esta é, talvez, a maior fonte de problemas e