Resumo: Consistindo num estudo de caso, esta pesquisa buscou investigar se o ambiente escolar influencia a maneira como os alunos se relacionam e lidam com seus conflitos interpessoais, bem como no modo como interpretam e resolvem seus conflitos hipotéticos. A amostra foi constituída por duas classes do 3° ano de ensino fundamental pertencentes a escolas públicas, sendo que em uma (A) o ambiente era caracterizado por relações autocráticas e a outra (B), o ambiente pautava-se por relações democráticas. Para coletar os dados, foram feitas 26 sessões de observação, em que se procurou examinar as diferenças no ambiente de ambas as classes, ou seja, a maneira como ocorriam as relações interpessoais, a forma como a aquisição do conhecimento era trabalhada, o ambiente sociomoral, como as professoras atuavam quando se deparavam com os conflitos sociais e, principalmente, como as próprias crianças lidavam com os mesmos. Para avaliar como as crianças interpretam e resolvem os conflitos hipotéticos foram sorteadas 6 crianças de cada classe e apresentadas, para cada uma, situações-problema envolvendo conflitos interpessoais e atividades com desenhos de manifestações de conflitos comuns na escola. A análise dos dados fundamentou-se, principalmente, na teoria de Jean Piaget e em alguns dos estudos de Robert Selman. Os resultados indicam que, apesar de pertencerem ao mesmo nível socioeconômico e possuírem a mesma faixa etária, encontrou-se na classe A, ambiente autocrático, um menor desenvolvimento das crianças com relação aos níveis de entendimento interpessoal na resolução de conflitos hipotéticos e nas interações entre os pares. Essas crianças tendiam a relacionar-se de forma pouco harmoniosa, competiam entre si e as estratégias utilizadas quando se deparavam com conflitos eram mais impulsivas, autocentradas e pouco elaboradas. Na classe B, ambiente democrático, constatou-se tanto ao resolver as situações-problema propostas quanto nas interações sociais um maior