RELAÇÕES ENTRE MORAL E POLÍTICA
Faz muito tempo, Maquiavel nos legou a reflexão sobre o agir político descolado do julgamento moral. Sobre isso refletiu Noberto Bobbio (cf. verbete Política e Moral, no Dicionário de Política), assim como Max Weber ao indicar uma distinção entre ética da responsabilidade e uma ética da convicção.
Tanto a moral quanto a política dizem respeito ao agir humano, evidentemente, à praxis. Entender o que é o agir humano é uma questão recorrente e tão antiga, talvez, quanto o próprio homem. Sim, pois somos (ou queremos ser) distintos dos animais, que agiriam sempre por instinto, sempre de forma programada, mesmo quando reagem a certas ameaças o fariam por instinto. O homem é aquele que sempre busca justificar suas ações, numa negação constante de qualquer coisa que indique estar ele sendo conduzido por um outro que não ele mesmo.
A reflexão e as pesquisas vão longe. Mas complicamos mais ainda as coisas ao tentamos entender a “ação coletiva”, quando procuramos compreender e explicar o que somos nós vivendo e agindo em grupo. Inevitavalmente essa busca por compreender o homem em sociedade nos leva a criar não apenas teorias, mas técnicas para continuarmos a nos (re)criar (a nós e à sociedade na qual estamos inseridos). Instituições não nascem sempre, pura e simplesmente, ao acaso. As instituições modernas foram quase sempre pensadas, planejadas, arquitetadas, são fruto de teorias, do pensamento… mesmo que, depois, elas se tornem outra coisa ou que sejam apropriadas para fins outros, elas não deixam, por isso, de serem frutos do desejo humano traduzido em ideias, planos, teorias.
Seguir normas, desejar o bem, buscar ser bom, ser solidário, preocupar-se com o outro, não roubar, não matar…. são coisas que desejamos tornem-se universais, mas que não conseguimos impor nem a nós mesmos, tentados que somos a todo momento a romper as barreiras. Mas é obrigação de todos nós, sejamos desempregados, estudantes, operários, donas de casa,