Relação entre “trabalho, pobreza e exclusão social” e “a miséria do mundo - (cap. efeitos de lugar)”
Lugar por Pierre Bourdieu pode ser definido “como ponto do espaço físico onde um agente ou uma coisa encontra situado, tem lugar, existe.” Logo, o espaço físico é definido pela “exterioridade mutua das partes, fazendo o espaço social, ao contrario, ser definido pela exclusão mutua (ou a distinção) das posições que o constituem, isto é, como estrutura de justaposição de posições sociais.” A estrutura do espaço social se manifesta, assim, nos contextos mais diversos, sob a forma de oposições espaciais, o espaço habitado (ou apropriado) funcionando como uma espécie de simbolização espontânea do espaço social. Não há espaço, em uma sociedade hierarquizada, que não seja hierarquizado e que não exprima as hierarquias e as distancias sociais, sob uma forma deformada e, sobretudo, dissimulada pelo efeito de naturalização que a inscrição durável das realidades sociais no mundo natural acarreta: diferenças produzidas pela lógica histórica podem, assim, parecer surgidas da natureza das coisas. É na relação entre a distribuição dos agentes e da distribuição dos bens no espaço que se define o valor das diferentes regiões do espaço social. Sendo que este se encontra inscrito ao mesmo tempo nas estruturas espaciais e nas estruturas mentais que são, de certa maneira, produto da incorporação dessas estruturas. Todas essas relações sociológicas podem ser comprovadas e vistas na história de Rickey, um “hustler” profissional (indivíduo que leva a vida à base de malandragem, malicia, tráfico de influencia, furtos, estelionatos, jogos de azar e crimes com fins diretamente monetários). Rickey, negro, caçula de uma família de onze filhos, filho de mãe imigrante do sul dos Estados Unidos (região mais pobre) e órfão de pai muito cedo. Morou a vida inteira na zona mais perigosa e excluída socialmente de Chicago, Ida B. Wells, também conhecida como “The Zone”. Passou por estudos