Relação entre Indígenas e Quilombos
A Bacia do Trombetas, situada na Calha Norte do Pará, é morada de diferentes populações tradicionais. Diversos povos indígenas habitam, imemorial e permanentemente, este curso d’água e seus afluentes, cujas nascentes perfazem as fronteiras entre o Brasil, a Guiana e o Suriname. A região também é ocupada por várias comunidades quilombolas, descendentes de escravos fugidos de fazendas e cidades do Baixo Amazonas que, entre os séculos XVIII e XIX, ali encontraram refúgio.
As relações entre os povos indígenas e quilombolas trombetanos encontram-se presentes em inúmeros relatos nativos e registros coloniais. Inicialmente marcadas pelo estranhamento e inimizade, estas relações eventualmente transformaram-se, configurando-se como amizade, colaboração e vizinhança: índios e negros contam que aliaram-se em fuga dos brancos que, pouco a pouco, invadiam a região.
É este tom de aliança que, hoje, (re)aproxima os povos indígenas e quilombolas da Bacia do Trombetas, reunidos em torno de uma causa comum: a defesa de seus direitos constitucionais, ameaçados pela morosidade dos processos de regularização fundiária de suas terras e pela expansão da atividade minerária na região.
Os Povos Indígenas da Bacia do Trombetas
A Bacia do Trombetas é habitada imemorial e permanentemente por diversos povos indígenas, como os Kahyana, Kaxuyana, Hixkaryana, Tiriyó, Txikiyana, Tunayana, Xerew, Waiwai, Zo’é e grupos isolados. Com uma população estimada em 3.400 pessoas, estes povos ocupam quatro Terras Indígenas, sendo três delas homologadas (TI
Mapuera e TI Zo’é) e uma em processo de regularização (TI Kaxuyana-Tunayana).
Mapuera 1
Estes povos indígenas costumavam viver em aldeias dispersas por diferentes tributários da Bacia do Trombetas até meados da década de 1950/1960, época em que centralizaram-se em torno de destacamentos militares, missões religiosas e postos de assistência, estabelecidos nas proximidades das fronteiras