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Como age o inimigo Pesquisadores descobrem de que forma os vírus da herpes se instalam tão rapidamente no corpo. O estudo deve ajudar a combater as infecções e a criar terapias que utilizam o micro-organismo para transportar remédios
Paloma OlivetoPublicação: 03/04/2013 19:00 Atualização: 03/04/2013 13:02
Vírus são criaturas muito espertas, que enganam o sistema imunológico e intrigam os cientistas. Mesmo com tantos avanços na tecnologia e no conhecimento da microbiologia, ainda não se sabe como eles invadem o organismo, para jamais sair de lá. Alguns dos mais desafiadores são os da família da herpes, que têm alta capacidade de contágio e incidência: estimativas mundiais dão conta de que até 90% da população já teve contato com alguns dos oito tipos que afetam humanos. Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Northwestern, em Chicago, chegou mais perto do mecanismo de ação dos herpesvírus 1 e 2, conhecidos, respectivamente, como herpes oral e vaginal.Ao lado das versões 4 e 5 — o “vírus do beijo” e o citomegalovírus —, os micro-organismos estudados são os mais comuns, sendo que o tipo 1 já está presente na maioria das crianças. De ação rápida, todos os herpesvírus têm a peculiaridade de, uma vez em contato, se alojarem rapidamente no sistema nervoso periférico, conjunto de nervos e neurônios espalhados pelo corpo que se comunicam com a medula espinhal e o encéfalo. Como eles chegam às profundezas do organismo tão velozmente era o que não se sabia até agora. Segundo os pesquisadores de Northwestern, que publicaram um artigo na revista Cell Host & Microbe, conhecer esse mecanismo é importante para que, no futuro, a ciência seja capaz de impedir a instalação dos vírus dentro das células e, consequentemente, sua replicação.Donald H. Gilden, chefe do Departamento de Neurologia da Universidade do Colorado em Denver, explica que a reprodução dos herpesvírus 1 e 2 acontece logo que uma pessoa saudável tem contato físico com o indivíduo