relatorio
Caros Pais
Beija flor me chamou, olha!
Lua branca chegou, na hora.
Beija flor de amor, me leva!
Como o vento que leva a folha!
(Benke, Milton Nascimento)
O primeiro pensamento que me vem à cabeça é poder continuar junto desta turma por tempos indefinidos. Tem sido um imenso prazer! A construção coletiva de quereres, de saberes, da compreensão de mundo reúne diversos olhares e vivências que, juntos, revelam algo denso, encorpado, volumoso! Como se pudéssemos agarrá-lo! Tornamo-nos um emaranhado de relações que se tocam, se movimentam, se deslocam como grãos de areia rolando ao vento.
Essa é a imagem que me vem! Grãos de areia rolando ao vento! Que podem muito bem, ter iniciado sua trajetória na beirada de um rio qualquer e que, com o passar do tempo e do vento, vão compondo novos cenários... Amoldando-se, refazendo-se, absolutamente interferidos pela direção, velocidade e desajustes, do vento e do tempo.
Há dias em que a calmaria causa estranheza e lentidão. A brisa sopra devagar e o tédio nos incomoda de pertinho! Em outros, a ventania é de tal intensidade que é preciso procurar apoios e referências que nos mantenham firmes, dedicados e, principalmente persistentes.
Curiosa a imagem dos grãos rolando ao vento! Conscientemente não foi escolhida como continuidade das intenções iniciais do objeto disparador – ele também um jardim de grãos de areia. Penso agora que esses grãos de areia, de contidos num espaço definido inicialmente, se desprenderam, criaram asas e puderam finalmente, com ajuda dos ventos e do tempo, ganhar a autonomia e a liberdade.
Crianças e grãos de areia.
Como entender o que elas falam, com seu mundo de fantasias, com suas construções próprias e entendê-las a partir de nossa visão, de quem não é mais criança? Esse é o desafio para os educadores, analisar os relatos infantis com uma construção teórico-metodológica de adultos sobre o material empírico também coletado por