refugiados
Em 2007, o Brasil aceitou reassentar 108 refugiados palestinos que, durante quase cinco anos, viveram no inóspito campo de refugiados Ruwesheid, localizado em meio ao deserto, na fronteira entre a Jordânia e o Iraque. A fuga para o campo, ocorrida em abril de 2003, foi consequência de guerra civil no Iraque, país onde já se encontravam em refúgio, desencadeada após a invasão americana e a posterior destituição de Saddam Hussein do poder.
A aceitação deste grupo foi considerada pelos organismos internacionais e por representantes locais a expressão de um verdadeiro “ato humanitário” do governo brasileiro. Conforme o discurso veiculado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a despeito de suas várias tentativas de reassentá-los nos países árabes vizinhos ou em países desenvolvidos que tradicionalmente recebem refugiados.
A recepção dos refugiados palestinos, através do Programa de Reassentamento Solidário (pensado, a princípio, para receber refugiados da América Latina), reforçou ainda mais esse reconhecimento. Tal reassentamento se deu através de solicitação do ACNUR, a despeito da hesitação da Autoridade Palestina em realizá-lo em países ocidentais distantes. Isso porque a ideia do reassentamento parecia enfraquecer a “luta pelo retorno”, tão cara ao povo palestino desde 1948. Contra esta hesitação, o Brasil teria declarado que, antes de apresentar-se como uma questão política, tratava-se de um “problema humanitário” a ser resolvido.Além disso, com a notícia de que o campo seria iminentemente fechado, o Brasil recebeu os últimos 108 refugiados de Ruwesheid, sem estabelecer entrevista ou seleção, procedimentos costumeiramente adotados no processo de reassentamento. A atitude de assumir todo um grupo cujo perfil era desconhecido, longe de apontar para um risco que o Brasil estava assumindo de não conseguir atendê-lo, apenas parecia reforçar a imagem humanitária de que o país recebeu aqueles que nenhum outro quis,