Reforma ortografica
A mídia costuma apresentar o Acordo como uma unificação da língua. Há, nessa maneira de abordar o assunto, um grave equívoco. O Acordo não mexe na língua (nem poderia, já que a língua não é passível de ser alterada por leis, decretos e acordos) – ele apenas unifica a ortografia.
Algumas pessoas – por absoluta incompreensão do sentido do Acordo e talvez induzidas por textos imprecisos da imprensa – chegaram a afirmar que a abolição do trema (prevista pelo Acordo) implicaria a mudança da pronúncia das palavras (não diríamos mais o u de lingüiça, por exemplo). Isso não passa de um grosseiro equívoco: o Acordo só altera a forma de grafar algumas palavras. A língua continua a mesma. Não é demais lembrar que o trema não existe em Portugal há meio século sem qualquer implicação sobre a pronúncia das palavras. 2. As mudanças As mudanças, para nós brasileiros, são poucas. Alcançam a acentuação de algumas palavras e operam algumas simplificações nas regras de uso do hífen. 2.1. Acentuação a) fica abolido o trema: Palavras como lingüiça, cinqüenta, seqüestro passam a ser grafadas linguiça, cinquenta, sequestro; b) desaparece o acento circunflexo do primeiro ‘o’ em palavras terminadas em ‘oo’: Palavras como vôo, enjôo, abençôo passam a ser grafadas voo, enjoo, abençoo; c) desaparece o acento circunflexo das formas verbais da terceira pessoa do plural terminadas em –eem: palavras como lêem, dêem, crêem, vêem passam a ser grafadas leem, deem, creem, veem; d) deixam de ser acentuados os ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas: palavras como idéia, assembléia, heróico, paranóico passam a ser grafadas ideia, assembleia, heroico, paranoico; e) fica abolido, nas palavras paroxítonas, o acento agudo no i e no u tônicos quando precedidos de ditongo : palavras como feiúra, baiúca passam a ser grafadas feiura, baiuca; f) fica abolido, nas formas verbais rizotônicas (que têm o acento tônico na