REFLEXÕES SOBRE A CLÍNICA AMPLIADA EM EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA
FAMÍLIA
gastão wagner sousa campos – NOVEMBRO/2002
A CONSTRUÇÃO DE VÍNCULO, O RESPONSABILZAR-SE PELA SAÚDE DA
POPULAÇÃO DE UMA MICRO-REGIÃO, E O ENCARREGAR-SE DE CASOS
SINGULARES:
A construção de vínculo é um recurso terapêutico. Therapeutike é uma palavra de origem grega e significa “eu curo”. Terapêutica é uma parte essencial da clínica que estuda e põe em prática meios adequados para curar, reabilitar, aliviar o sofrimento e prevenir possíveis danos em pessoas vulneráveis ou doentes. Não se trata,
portanto, de
uma
preocupação tão-somente
humanizadora, mas também do estabelecimento de uma técnica que qualifique o trabalho em saúde.
Um dos meios adequados para a prática de uma clínica com qualidade é o fortalecimento de vínculos entre paciente, famílias e comunidade com a equipe e com alguns profissionais específicos que lhes sirvam de referência.
Vínculo é um vocábulo de origem latina, é algo que ata ou liga pessoas, indica interdependência, relações com linhas de duplo sentido, compromissos dos profissionais com os pacientes e vice-versa. A constituição de vínculo depende de movimentos tanto dos usuários quando da equipe. Do lado do paciente, somente constituir-se-á vínculo quando ele acreditar que a equipe poderá contribuir, de algum modo, para a defesa de sua saúde. Do lado dos profissionais, a base do vínculo é o compromisso com a saúde daqueles que a procuram ou são por ela procurados. O vínculo começa quando estes dois movimentos se encontram: uns demandando ajuda, outros se encarregando destes pedidos de socorro.
A construção de vínculo depende, portanto do modo como as Equipes se responsabilizam pela saúde do conjunto de pessoas que vivem em uma micro-
região. Depende também do modo como se encarregam de cada caso específico que necessite de um atendimento singular. Um duplo movimento, nem sempre fácil de ser realizado: um compromisso bilateral, no