Reflexões acerca de O Espectador Emancipado

O lugar e a forma do espectador emancipado dentro da atual sociedade de cultura de massa

Em uma sociedade onde os artistas estão cada vez menos artistas e as pessoas menos pessoas, já não se sabe pra onde buscar auxílio quando há necessidade de se substanciar ou pensar na vida, e neste contexto onde deveria surgir a arte como auxiliadora, a vemos fugir cada vez mais do nosso alcance; em uma sociedade de cultura e arte em massa, vemos a desindividuação e desumanização da arte, e com um artista que já se perde nesse cenário podemos imaginar o que se sucede ao espectador, ao receptor, ou talvez atualmente, ao consumidor.
Jacques Rancière discorre em seu livro "O espectador emancipado" sobre a necessidade ou não do teatro, suas mudanças, mas principalmente sobre a mudança tanto da situação quanto ponto de vista do tratamento do espectador teatral; após justificativas com relação a criação do livro, Rancière reclama proposições de diferentes teatrólogos, estudiosos e inclusive filósofos sobre a questão deste espectador, enquanto alguns relatam sobre o mal que o teatro causa às pessoas, outros discorrem quanto a relação de passividade, de incapacidade, de neutralidade, de não-interferência, de mero consumo ou de atuação do espectador; após muitas discorrer chega o impasse se o espectador atual é emancipado ou não, tendo-se como "espectador emancipado" uma ideia de um espectador que afeta e se deixa afetar, altera o meio, interfere na ação de algum modo - físico ou psicológico - que consegue experienciar aquilo a que assiste, não meramente assistir de um modo consumista ou alienado apenas por consumir ou por entretenimento.
Após essa rasa definição do quê seria o aqui chamado "espectador emancipado", podemos nos questionar se há possibilidade da presença deste no nosso atual contexto de uma cultura de massa, onde a arte, a moda e tudo aquilo que deveria vir para auxiliar o humano é criado como mero bem de consumo, é tudo produto, tudo consumível, podemos ver, por