Reestruturação Produtiva e Industrial - Caracterização e contexto histórico.
RELAÇÕES INDUSTRIAIS
Desafios e interpretações à luz do debate norte-americano atual (*)
Nadya Araújo Castro
A segunda metade dos anos 80 testemunhou uma profusão de estudos empíricos sobre o desempenho da indústria norte-americana, visando especialmente detectar as suas possibilidades de sucesso diante dos novos padrões de competição internacional que desafiavam esse desempenho. O desenho metodológico desses estudos via de regra privilegiava as análises de caso, singulares ou comparativas. As suas tematizações centrais eram as novas formas de organização da produção e de gestão das relações sociais nos locais de trabalho, num contexto de mudança dos padrões de competitividade. Os seus principais instrumentos conceituais eram retirados de alguns estudos que cedo adquiriram o estatuto de arquétipos teóricos em campos temáticos chaves, como, por exemplo: o dos mercados internos de trabalho e gestão de recursos humanos na indústria (como em Doeringer & Piore, 1971; ou Osterman, 1981); o da organização industrial e das novas estratégias de cooperação e competição (como em Piore & Sabel, 1984); o da performance industrial e seus determinantes (carro em Dertzoulos et al., 1988); e o da gestão da produção (como em Womack et al., 1991). Ao longo dos últimos anos, a retórica em torno dos sistemas de trabalho “flexíveis”, de “elevado desempenho”, dos “altos salários e elevada qualificação” passou a dominar tanto a literatura empresarial quanto a acadêmica. A reiteração desse discurso tornou-o um aparente truísmo, o qual nem sempre tem encontrado na ampla gama de estudos de caso a validação que se esperaria, sobretudo dada a legitimidade social de que se revestiu. As análises de caso parecem documentar que, passada quase uma década de experimentação, os exemplos de transformação bem-sucedida nos sistemas de trabalho na indústria norte-americana não são tantos quanto a difusão da nova ideologia gerencial faria esperar. Neste