Rediscutindo a mestiçagem no Brasil
Em Rediscutindo a mestiçagem no Brasil, Kabengele Munanga aborda as origens da desigualdade racial, e consequentemente social, em nosso país. Para isto, é remontado o cenário das doutrinas racistas elaboradas ao longo do século XIX e do início do século XX, especialmente as europeias, que algumas décadas mais tarde findariam por influenciar profundamente as correntes filosóficas e sociológicas brasileiras.
São citados, separadamente, os pensamentos de diversos teóricos do tema abordado e, em alguns momentos são cruzadas as ideias de uns com os outros para mostrar os pontos fortes e as contradições de suas doutrinas. Também é relatado o contexto da colonização americana em geral a fim de trazer o panorama possibilitador da mestiçagem.
Munanga toma como base o racismo no Brasil, na África do Sul e nos Estados Unidos, estabelecendo suas diferenças e identificando o modo como cada uma dessas práticas alterou a realidade social em seus contextos. Por fim, é apresentada a situação de ambiguidade racial do mestiço e os problemas que esta indefinição o causa.
Rediscutindo a mestiçagem no Brasil
Identidade nacional versus identidade negra
Conceito e história da mestiçagem
O fenômeno da mestiçagem pode ser analisado sob uma abordagem: raciologista ou populacionista. A raciologista se interessa pela mestiçagem entre as grandes raças pré-definidas. E seus pressupostos ideológicos ainda são dominantes quanto ao estudo sobre mestiçagem, levando-nos a pensar nossas identidades sob o prisma de uma manipulação. Já do ponto de vista populacionista, a mestiçagem é caracterizada como um fenômeno universal tido através de um fluxo gênico que afeta todas as populações, sendo estas os conjuntos de indivíduos que se reproduzem habitualmente entre si.
De forma objetiva, os mestiços não apresentam diferenças de natureza em relação às outras populações, sendo esta noção mais ligada à percepção do senso comum do que ao substrato