redação
Afinal, o que estamos vivendo é o fim do processo de centralização excessiva do poder que se iniciou no Absolutismo, de que nossos descendentes provavelmente verão a democracia representativa e outras formas de modernidade como um subcapítulo. Como em toda decadência final de um modelo de civilização, o que era convenção social passa a ser imposto à força após perder a aceitação tácita que lhe dava autoridade. É o que ocorreu em Roma sob Juliano; é o que levou à caça às bruxas que tomou conta da Europa após o fim da Idade Média.
A hipertrofia da autoridade estatal central, típica da modernidade que ora finda, levou a fenômenos que seriam considerados absurdos em qualquer outra sociedade, como os documentos de identidade pessoal e de veículos (e o governo precisa autorizar que mudemos a cor de um carro que nos pertence!), a obrigatoriedade geral de declarar ao Estado toda a renda pessoal etc. Saber do que conversamos com os amigos nas redes sociais, por onde passeou nosso telefone celular ou o conteúdo dos nossos e-mails comerciais é uma diferença de grau, não de essência.
Nos EUA, os ativistas pela liberdade de informação estão em polvorosa, e com razão. No Brasil, não há o que fazer; sabemos que estamos sujeitos à violação de nossa privacidade a cada momento e – mais até que os americanos – em tese poderíamos até mesmo ser obliterados pelos robôs assassinos voadores (os drones) com que os EUA atualmente se comprazem em caçar inimigos, reais ou imaginários.
Uma alegria, contudo, nós ainda temos: nosso governo não tem os meios do americano. Se a gangue que ora ocupa o Planalto pudesse, indubitavelmente a vigilância seria ainda mais acirrada. Para nossas autoridades, todavia, é um sonho impossível. Seria mais fácil estabelecer uma colônia petista na Lua que atingir o nível de competência em espionagem de que dispõe o