Recursos de estilo Lusíadas
Objectivo: conhecer as figuras de estilo utilizadas em língua e literatura portuguesa.
NÍVEL FÓNICO (= dos sons)
Dentro do nível fónico temos de considerar recursos estilísticos que não são propriamente figuras de estilo, como é o caso da rima e da onomatopeia.
Aliteração — Processo que consiste na repetição intencional dos mesmos sons consonânticos:
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
Fernando Pessoa, Poesias
Assonância — Processo que consiste na repetição intencional dos mesmos sons vocálicos:
E o surdo ruído lúgubre aumentara Quebrando esse fantástico silêncio
Teixeira de Pascoais, Regresso ao Paraíso Nota: Em muitos casos, a repetição intencional dos sons consonânticos e vocálicos é simultânea, o que pode ver-se claramente neste exemplo:
Aqui moro Aqui morro Aqui monstros me rodeiam de arame farpado
David Mourão-Ferreira, "Fossos," in Ode à Música
Rima — Processo que consiste na correspondência de sons em lugares determinados dos versos. A rima é, na realidade, uma espécie de assonância:
Falam por mim os plátanos da rua: Deixam cair as folhas amarelas,
E ficam hirtos na friagem nua
Como mastros sem velas.
Miguel Torga, Diário II
Onomatopeía — consiste na imitação da voz (de pessoa ou animal) ou do ruído de um objecto. A onomatopeia pode ser usada, muito intencionalmente, como recurso estilístico e pode aparecer associada a figuras de estilo:
Sino de Belém, pêlos que inda vêm! Sino de Belém bate bem-bem-bem. Sino da Paixão, pêlos que lá vão! Sino da Paixão bate bão-bão-bão.
Manuel Bandeira, O Ritmo Dissoluto
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NÍVEL SINTÁCTICO (= da sintaxe)
Assíndeto — Consiste na supressão dos elementos de ligação entre palavras ou frases sucessivas (com frequência, aparece suprimida a conjunção copulativa e):
Chamou os filhos, falou de coisas imediatas, procurou interessá-los.