RE MANDO C Pia Revisada
(re)mando
Fernando Campos
Para Tereza Campos
“Amor e religião!, pensou Clarissa, voltando para a sala toda arrepiada.
Que detestáveis, que detestáveis são elas!
Pois agora que estava longe da presença física da outra, sentiu-se assoberbada por Miss Kilman – pela ideia dela.
São as coisas mais cruéis do mundo, ocorreu-lhe, vendo-as desajeitadas, iradas, dominadoras, hipócritas, bisbilhoteiras, invejosas, infinitamente cruéis e inescrupulosas, vestidas de impermeáveis, no patamar; o amor e a religião”
(Mrs. Dalloway – Virginia Woolf – Pág. 129)
Há / Existe
Há um labirinto onde corre a saudade que existe dentro de mim
(ou existia).
Tenho um labirinto onde morre a saudade que vive dentro de mim
(ou vivia).
Existe um labirinto onde morre a saudade da vontade que há dentro de mim
(ou havia).
Eu não sou eu: sou o oculto, o indeterminado, o inexistente.
A mim mesmo me dou o prazer de sentir prazer porque no fim, existe, vive há um labirinto.
Para Marina Lima
Insônia
Frio de dor, não do corpo; chora à alma.
(...)
Lábios secos já não pronunciam mais o molhado que tua ausência inundou tão ágil, tão sereno tão frio, tão sem você.
O isqueiro na mesa, o cigarro na boca, a fumaça na janela, o vazio do que vejo.
(...)
Não me pergunte o que ficou sem saber o que restou perto do que sobrou nunca mais me dou.
Deito para mais um dia.
Tua imagem parece despertar: são 4 horas!
Despertar!
Alma
Vamos puni-la bani-la Quebrar por inteiro o que ficou; saída de emergência.
Destruí-lo,
desconstruí-lo, fazer com que suma.
Esmagar com o som do meu silêncio.
Depois de acorrentada, liberto-te alma caiada: voa para bem longe e não traga notícias.
Dissabores, espasmos comiseração; ela destruída, punida banida, desconstruída, esmagada.
(...)
Dor que vem, dor que não vai; da alma perdida