Raças como modelo de negociação.
A grande mistura de raças existente no povo brasileiro acaba por definir alguns estereótipos raciais, a partir disso podemos observar que a raça pode ser usada com método de negociação, uma vez que elites fazem uso de seu maior poder e status social para excluir as outras raças de seu ambiente. Tendo isso em vista, há uma hierarquização das classes sociais por meio da separação de raças, o que contribui, por sinal, grandemente, para a manutenção da grande desigualdade social e, consequentemente, a também manutenção de certos preconceitos presentes em nossa sociedade.
Por que o Brasil como laboratório racial?
Os cientistas decepcionados com a promessa de igualdade social começam a estudar as causas das diferenças entre os homens.
Nos museus etnográficos de Belém, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, a ampla utilização de argumentos evolucionistas permitiu explicar cientificamente as diferenças, classificar as espécies, localizar os pontos de atraso. Partindo dos modelos das ciência naturais, esses pesquisadores buscavam uma ponte entre as espécies botânicas, zoológicas e a humanidade, que pudesse prever, como pretendia Herman von Ihering (então diretor do Museu Paulista) um desenvolvimento comum: " a degenerescencia, presente nos tifos hibridos na zoologia, pode ser com certa facilidade percebida nos grupos humanos... Longe dos tipos puros é com cuidado que deve ser analisada a miscigenação local" (Revista do Museu Paulista, 1897).
Adeptos, em sua maior parte, dos modelos poligenistas de análise que entendiam as raças como fenômenos essenciais e ontológicos, resultantes de centros de criação diversos concluíam, esses teóricos dos museus, não só que " a evolução encontrada na natureza era exatamente igual àquela esperada para os homens" (Boletim do Museu Paraense E. Goeldi), como supunham que " os grupos inferiores constituiam barreiras frente ao progresso da civilização". E ilustrativa, nesse sentido, a defesa