Raquidiana
A anestesia raquidiana tem sido cada mais vez utilizada na criança como técnica única ou
associada à sedação ou anestesia geral. Peculiaridades anatômicas tornam obrigatório que se Atualização em Anestesia Regional Pediátrica: Raquianestesia e Anestesia Peridural
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utilize material apropriado, havendo, hoje, disponíveis agulhas de vários calibres e curtas. Embora
a raquianestesia seja uma técnica centenária, por muitas décadas permaneceu como uma técnica
de exceção. Sua popularidade aumentou a partir da segunda metade dos anos 80 após a
constatação de que os ex-prematuros com idade gestacional abaixo de 60 semanas (ou menos
na opinião de outros) têm mais chances de desenvolver apnéia após anestesia geral do que após
a raquianestesia
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. Outros trabalhos posteriores confirmaram este benefício
38-41
. A anestesia
raquidiana é a técnica de escolha por muitos serviços para a anestesia dos neonatos sob risco de
apnéia. No entanto, a incidência de falhas é bastante alta com esta técnica e há pontos ainda não
esclarecidos. Por exemplo, não se sabe qual a melhor posição para a punção raquidiana ou a
melhor relação dose-resposta para o dermátomo a ser atingido. Algumas trabalhos mais recentes
tentam esclarecer alguns destes estes pontos. Um grupo com 28 ex-prematuros com idade pósconceptual inferior à 46 semanas foi submetido à herniorrafia inguinal com sevoflurano ou anestesia
raquidiana na posição deitada com 1mg.kg
-1
de bupivacaína hiperbárica. Bradicardia e apnéia
foram observadas em 5 das 14 crianças no grupo do sevoflurano e em nenhuma no grupo da
raquianestesia. A monitorização pós-operatória foi feita por um sistema computadorizado
considerado confiável. Este estudo confirma a vantagem da raquianestesia como técnica única
para os ex-prematuros em risco de apnéia. Os autores, no entanto, relatam um importante fator
que pode limitar os benefícios desta técnica: