RAPHAELLO BERTI: tradição e racionalidade na arquitetura
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RAPHAELLO BERTI: tradição e racionalidade na arquiteturaLeonardo Barci Castriota
"Pois irrecuperável é cada imagem do passado que se dirige ao presente, sem que esse presente se sinta visado por ela." (Walter Benjamin)
Existe um encontro marcado entre as gerações precedentes e a nossa: nosso olhar – que nunca é neutro – percorre as etapas da história, estabelecendo afinidades eletivas com outros olhares que nos respondem. O tempo não é homogêneo nem vazio, e sim, como anota o filósofo Walter
Benjamin, saturado de “agoras”, sendo a história “objeto de uma construção a ser empreendida“ (1).
Apropriar-se do passado não significa, pois, articulá-lo historicamente como ele de fato foi – ilusão de um historicismo que, na busca de objetividade, termina por cair num subjetivismo tanto mais funesto quanto mais inconsciente –, mas exercer uma atividade salvadora, recuperando conteúdos esquecidos que estão a espera da frágil força messiânica reservada a cada geração.
O fato é que, negligenciadas durante muito tempo, nos últimos anos vêm ressurgindo com força as imagens de uma outra arquitetura, de uma outra modernidade, contemporânea àquela do Movimento Moderno, e que marcaram profundamente a cena arquitetônica brasileira entre os anos 1930 e 1960. Que tal reaparecimento tenha se dado apenas a partir dos anos 1980 não é fortuito: as imagens do passado vão apresentar aquilo que Benjamin denomina “índice histórico”, que significa não só que elas pertencem a uma determinada época, como também que só se tornam legíveis num dado contexto. Após o arrefecimento do Movimento Moderno, cuja arquitetura vem sendo submetida a duras criticas, é como se nosso olhar ficasse disponível para recuperar outras possibilidades expressivas que o precederam ou com ele competiram – assim, o ecletismo, o art nouveau, o neocolonial vêm sendo lentamente resgatados do esquecimento.
Não deve causar estranheza também o fato do "estilo moderno", do modernismo déco, ser o último a