Raiou a Alvorada
Com a intenção de organizar os movimentos, fortalecer as lutas e “elevar a raça” (como salientava a diretoria da Frente Negra Pelotense), no dia 05 de maio de 1907, tendo como redator e proprietário Juvenal Morena Penny, nasceu em Pelotas o que foi considerado o periódico de maior longevidade da “imprensa negra” ou “imprensa alternativa negra” (jornais publicados com a intenção explicita de representar a comunidade negra), o “ilustre hebdomadário”, jornal A Alvorada.
Conhecido por seu engajamento nas lutas dos trabalhadores, na afirmação da raça negra e por seu forte engajamento nacionalista, o jornal marcou não somente o cenário pelotense e gaúcho, mas também fora louvado por Monteiro Lobato e ganhou repercussão nacional por sua ação na campanha pró petróleo nacional nas décadas de 1930 e 1940.
Sua principal característica sempre fora o forte engajamento nas causas sociais e mesmo com correspondentes nas principais capitais brasileiras a época (Rio de Janeiro e São Pulo) e também no exterior (Portugal), suas forças concentraram-se nas causas do município pelotense. Usava as notícias e fatos ocorridos em outras localidades da nação e fora do país para ambientar a luta do proletariado local e para unir e organizar os “da cor” expressão usada comumente pelo jornal.
E fora por estas lutas, pela forma crítica como abordava a questão racial/social que na década de 1940 estima-se que toda comunidade negra tivesse acesso ao semanário, visto que o número de negros na cidade era de 15.311, 14,6% da população, e a tiragem do jornal para a localidade era de 3 mil exemplares, número que corresponde a 20% da população para qual o jornal se dirigia. Se considerarmos o número de pessoas por família veremos que a tiragem visava o acesso de toda a comunidade.
A Alvorada fora considerado o órgão de representação política da Frente Negra Pelotense. Juntos encaminharam campanhas pró-alfabetização, de mobilização popular e política, o jornal apresentava-se como