Raffestin, claude. por uma geografia do poder. frança. são paulo: ática, 1993.
Tiago da Silva Castro*
Rafael Alves Moreira Nascimento*
Israel Pedro Fernandes*
RESUMO
A área de estudo deste artigo está localizada no bairro da Barra do Ceará no extremo oeste do litoral de Fortaleza. A Barra do Ceará é um dos bairros mais antigos e pobres de Fortaleza. Um bairro com enorme potencial natural e paisagístico, porem devido à mais de um século de ocupação desordenada e ao descaso do poder público seu quadro natural encontra-se completamente alterado. As populações pobres se instalaram em locais de alta vulnerabilidade ambiental, modificando consideravelmente a dinâmica da fauna, flora e aspectos geomorfológicos não somente da localidade em questão, mas também das praias em seu entorno. Este presente artigo pretende mostrar como se deu a mudança no quadro natural das dunas da Barra do Ceará pelo processo de uso e ocupação, suas causas, conseqüências e possíveis soluções.
Introdução
Para compreender melhor o uso, exploração e ocupação da zona costeira e os processos que causam a degradação ambiental de algumas formações geomorfológicas, primeiramente se faz necessário uma análise do processo histórico de ocupação da zona costeira em nível Nacional, regional e local. A zona costeira ou faixa litorânea é definida com a zona de transição entre o domínio continental e o domínio marinho. É uma faixa complexa, dinâmica, mutável e sujeita a vários processos geológicos. Na constituição é definida como “Patrimônio nacional” e cuja “utilização deve ser feita na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.”¹O Brasil possui 7.367 quilômetros de zona costeira, não levando em conta os recortes litorâneos, abrigando um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental. Em seu Litoral alternam-se formações como mangues, restingas, campus de dunas,