Racismo e Futebol
Talvez em nenhum outro período da nossa história recente a integração entre Brasil e Argentina tenha atingido nível tão elevado. A revitalização do Mercosul, como base para a integração latino-americana, tem sido prioridade estratégica da política brasileira. Os diplomatas afirmam que só no futebol as divergências entre os dois países são insuperáveis. Essas divergências, no entanto, limitam-se às eternas e sadias rivalidades de seleções e times dentro do campo. A discussão sobre quem é o melhor jogador do mundo (Pelé ou Maradona) é um item adicional para alimentar as discussões. Mas, ao contrário de outros países, é no futebol que a integração racial brasileira e a cultura trazida pelos diferentes povos que aqui se estabeleceram são para nós motivo de orgulho e alegria.
Infelizmente, em outros setores o preconceito racial não é algo novo em nosso país. Vendo as coisas por esse ângulo, a prisão do jogador argentino, Desábato, enquadrado no crime de injúria, com agravante de racismo, tem que ser aprovada, para que a punição sirva de exemplo e impeça a reincidência de tal fato.
A discriminação racial no futebol é um grave retrocesso que precisa ser erradicado, para que a violência que atinge o esporte não fuja do controle e degrade uma área na qual o Brasil é um exemplo incomparável no mundo todo, principalmente neste ano, em que o presidente Lula decretou como sendo o Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
Problemas de racismo no esporte têm se propagado a partir da Europa, manifestados por grupos reacionários que não apresentam sincronia com a prática desportiva. O esporte, antes mesmo de ser um campo de disputas e títulos, é, por sua natureza, um espaço para confraternização e solidariedade entre pessoas e povos, independentemente de suas origens.
Preocupado com problemas dessa natureza, encaminhamos a Assembléia Legislativa de São Paulo o Projeto de Lei nº. 107/05, que determina a criação de uma delegacia especializada em