Quincas Berro Dágua
Quincas Berro D'água era um velho debochado e Vagabundo das ruas da Bahia. Um dia amanheceu morto num quarto imundo.
Foram testemunhas do que aconteceu apenas Mestre Manuel e Quitéria do Olho Arregalado.
Teria sido assim: a família do morto - sua respeitável filha Vanda e seu formalizado genro, Leonardo, funcionário público de promissora carreira, tia Marocas e seu irmão mais moço, Eduardo- acreditavam que tudo não passava de invenções de bêbados e patifes.
Vanda foi chamada quando o santeiro avisou que Quincas havia morrido sozinho num quarto pobre e sujo. Ela, a filha envergonhada porque o pai, Joaquim Soares da Cunha (verdadeiro nome de Quincas) homem respeitável, funcionário da mesa de Rendas Estadual havia se entregado à vida de bêbado. Quando ela chegou, depois de avisar o marido Leonardo e os parentes, Tia Marocas e Eduardo, viu o cadáver do pai e apenas via o cachaceiro, debochado e jogador, sem família, sem lar, sem flores e sem reza.
A família fica preocupada com o preço do velório: o caixão era caro, uma fortuna, hoje não se pode nem morrer. Compraram uma roupa preta, sapatos pretos, camisa branca, gravata e meias. Vanda estava preocupada de onde sairia o caixão.
Vanda, recostada ao cadáver do pai, vai se lembrando do passado. Dez anos levara Joaquim aquela vida absurda, depois que abandonara a família, sua mulher Otacília. Era citado no jornal como o Rei dos vagabundos da Bahia, o Cachaceiro-mor de Salvador, o filósofo esfarrapado da rampa do mercado, o senador das gafieiras. Regressou à infância, lembrou-se de seu noivado e ficou comovida. .
Quando todos chegam para o velório, Quincas no caixão sorria e passou a chamar as mulheres de Jararacas. Vanda estremeceu na cadeira. Quincas mantinha um sorriso vitorioso nos lábios. Ajeitou-se melhor no caixão.
Mestre Manuel, navegador, se lembra de como Joaquim recebeu o apelido de Berro Dágua: Quem sabia melhor beber do