QUEST ES DA INTERL NGUA EM POEMAS DE VIN CIUS DE MORAES
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A INTERLÍNGUA E A FUNÇÃO DA HIPOLÍNGUA NO DISCURSO POÉTICO DE VINÍCIUS DE MORAESResumo: Com base na perspectiva teórica da Análise do Discurso francófona e no aspecto dialógico da língua, defendido por Bakhtin (2010), este artigo tem como objetivo analisar a manifestação da interlíngua, aliada à subjetividade enunciativa, em dois poemas de Vinícius de Moraes. Os dados permitem validar a relação entre código de linguagem e interlíngua, proposta por Maingueneau (2009). Nosso intuito é caracterizar a forma como o código linguageiro, investido na obra literária em questão, aponta para as marcas que denotam, no discurso poético, a função da hipolíngua.
Palavras-chave: discurso, código linguageiro, interlíngua, hipolíngua.
Introdução
Para Bakhtin (2010) a língua é um fato social cuja existência funda-se nas necessidades de comunicação, e é vista assim, como algo concreto, fruto da manifestação individual de cada falante. Ainda segundo o autor, o modo de existência da linguagem é o dialogismo, pois em cada texto, em cada enunciado, em cada palavra ressoam duas vozes: a do eu e a do outro.
A partir dos pressupostos do dialogismo bakhtiniano, Maingueneau (2008a) elabora o conceito de interlíngua, a qual surge da interação das línguas, dos registros e das variedades de língua acessíveis – tanto no tempo como no espaço - em uma conjuntura determinada. Assim, a interlíngua passa a ser o espaço máximo a partir do qual se instauram os códigos linguageiros.
Com base na definição de Maingueneau (2009) de que um posicionamento define seu próprio código linguageiro, através da maneira singular de gerir a interlíngua, nossa análise busca apontar a forma como Vinícius de Moraes demonstra a função da hipolíngua, ao definir seu código linguageiro para a constituição dos poemas “Balada do Enterrado Vivo” e “Balada Negra”. Primeiramente, faremos uma breve caracterização do discurso literário, enquanto discurso constituinte. Em seguida, abordamos a questão da dialogicidade da