Quero mais feriados
Estou de ferias e curtindo muito esse tempo para administrar o tempo no meu ritmo. Curtindo especialmente, talvez, porque morando em São Paulo ficamos especialmente sobrecarregados com o tempo consumido no deslocamento, no trânsito, o que nos faz acordar muito cedo e dormir muito tarde. Muitas pessoas vivem suas casas como dormitório, visto que pouco tempo sobra, durante os dias, para simplesmente estar em suas casas e vivê-las como um lar. É no lar que, na sociedade moderna, nascida do trabalho impessoal pós-revolução industrial, nos permitimos viver no bioritmo nas nossas emoções, dos nossos afetos e de nossas ideias criativas.
E justamente agora, nessa situação de férias, pude experimentar o tempo de uma leitura saborosa e calma. E lendo De Masi, descobri que em Atenas, modelo de civilização e cultura, os gregos viviam um calendário com muito mais feriados e festas do que com trabalho. Grandes festas eram comemoradas nos meses de julho, setembro, outubro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril e outras festas menores ao longo de todos os meses. Festas duradouras para comemorar uma série de coisas, como Deuses, estações, saúde, plantação e colheita. Ora, ora, e alguns de nós reclamam dos muitos feriados do Brasil... Eu quero é mais! Quero é que as festas juninas ocupem a vida pública no Sul como ocupam no nordeste, por exemplo. Nas festas atenienses havia apresentações líricas, musicais, dramáticas e de ginástica. Nas dionisíacas toda a população assistia em torno de 15 peças teatrais!
O que importa nessa sociedade pautada sobre as grandes festas é que sua vida não era pautada sobre o trabalho, mas sobre a alegria, a felicidade, a comemoração da vida, a arte, a sublimação. Quem reclama dos muitos feriados no Brasil está preso na crença moderna de que é o trabalho que dignifica o homem, como disse Oswald de Andrade, e sobre a qual De Masi também propõe que a superemos. Não é o trabalho que nos dignifica, pelo menos não o trabalho de