Quen não cola não sai da escola
67164 palavras
269 páginas
As intermitências da morte José Saramago --Orelhas do livro Orelha esquerda: De repente, a morte suspendeu suas atividades no país. A nação se embandeirou: tinha sido escolhida para a imortalidade, depois de milênios de sofrimento e sujeição à "indesejada das gentes". Ano Novo, vida eterna, porque desde 1º de janeiro ninguém mais morria nesse estranho canto do mundo inventado por José Saramago em As intermitências da morte - uma fábula sobre os caprichos da figura macabra e ossuda que segura os fios da vida de cada um. Ela pode ser fatal, mas também tem seus sentimentos. Magoada porque os seres humanos tanto a detestam, a morte resolve mostrar como, no fundo, eles são uns ingratos. A falta de falecimentos logo se revela um problema, e não só para as agências funerárias. Os hospitais ficam lotados de pacientes agonizantes impedidos de "passar desta para melhor". E os idosos avançam na decrepitude sem esperança de descanso (nem para eles, nem para as suas famílias), O primeiro-ministro teme uma crise, O cardeal antevê o pior: "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja". Uma organização secreta - a máphia - surge para tirar proveito. E em poucas páginas Saramago expõe todos os vínculos que, normalmente, ligam a morte ao Estado, às religiões e ao cotidiano. Mas até quando poderia durar essa espécie de greve? Quando seria afinal devolvido "o supremo medo ao coração dos homens"? E em que condições? O leitor não demora a --Orelha direita: perceber que o personagem principal dessa história é a própria morte, esquelética e gelada. Mas, para o romancista, transformar a morte em personagem acaba sendo um modo de tratar da vida, com humor e ironia.
José Saramago nasceu em 1922, de uma família de camponeses da província do Ribatejo, em Portugal. Exerceu diversas profissões - como serralheiro, desenhista, funcionário público e jornalista - antes de se dedicar só à literatura. Prêmio Nobel em 1998, é autor de algumas das obras mais relevantes do romance