Quem é você, Alasca?
Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras – e está cansado de sua vidinha segura e sem graça em casa. Vai para uma nova escola à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em
Culver Creek, inclusive Alasca Rabelais. Inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, Alasca levará Miles para seu labirinto e o catapultará em direção ao “Grande Talvez”.
ANTES cento e trinta e seis dias antes
UMA SEMANA ANTES de eu deixar minha família, a Flórida e o resto da minha vidinha medíocre para ir para o internato no Alabama, minha mãe insistiu em me dar uma festa de despedida. Dizer que eu não estava esperando muita coisa seria subestimar o fato. Embora estivesse sendo mais ou menos forçado a convidar todos os meus “colegas”, ou seja, aquela gentinha da aula de teatro e os geeks de Inglês com quem eu me sentava no cavernoso refeitório da escola por necessidade social, eu sabia que eles não iriam aparecer. Mesmo assim, minha mãe insistiu, mergulhada na ilusão de que eu tinha mantido minha popularidade escondida dela durante todos aqueles anos. Fez uma pequena montanha de molho de alcachofra para acompanhar os salgadinhos. Enfeitou a sala de estar com serpentinas verdades e amarelas, as cores da minha nova escola. Comprou duas dúzias de lança-confetes em garrafa e os colocou ao redor da mesa de centro.
E, naquela sexta-feira decisiva, quando minhas maladas já estavam quase prontas, ela se sentou com meu pai e comigo no sofá da sala às 16h56 e esperou pacientemente pela chegada da Cavalaria do Adeus ao Miles. A cavalaria consistia de apenas duas pessoas: Marie Lawson, uma loira baixinha com óculos retangulares, e Will, seu namorado atarracado (e estou sendo caridoso com o adjetivo).
“Oi, Miles”, disse Marie ao se sentar.
“Oi”, eu disse.
“Como foi seu