“Quem me roubou de mim?” - Visão da obra do Pe. Fábio de Melo
O Pe. Fábio de Melo foca sua análise na perda de si mesmo, advinda das más relações construídas, nas quais não há ganho, há antes perda daquilo que o caracterizava, fazendo compreensível um título como Quem me roubou de mim?, um tanto espantoso de início.
Para facilitar a compreensão dessa ideia, o autor fala sobre o sequestro do corpo e o chama assim para diferenciá-lo do sequestro da subjetividade, utiliza o primeiro, mais visível e por isso melhor compreendido para explicar o segundo.
O sequestro do corpo se trata exatamente do rapto e manutenção de um refém sob cárcere privado, situação essa que a população certamente já acompanhou pelos meios de comunicação, quando não a viveu. Se no sequestro do corpo, é tirada da vítima a convivência com pessoas conhecidas e os lugares que costuma frequentar, com os quais estabelece relações as quais lhe dão segurança, para um local desconhecido, no qual suas ações não lhe pertencem, são condicionadas por terceiros, no sequestro da subjetividade é tirada a sua essência, aquilo que a diferencia e a caracteriza, há uma perda da identidade, tendo em vista que se ela não possui mais as características que a definiam e teve que abrir mão de sua visão de mundo, não há mais aquilo que a definia e a diferenciava dos demais.
Entretanto, não há como dissociar por completo esses dois conceitos, num sequestro do corpo, físico, o ser é isolado de tal forma daquilo que conhece e que lhe deu base para a sua formação, que assim como adapta o corpo às privações sofridas, também o faz com a mente. A circunstância o faz abandonar quem era, pois se a forma como vivia lhe proporcionou uma identidade, ele não consegue sustentá-la numa mudança tão radical de realidade, é o que o autor chama de esquecimento do ser.
O sequestro do corpo geralmente provoca o sequestro da subjetividade, mas percebe-se, analisando outros casos, que o primeiro não é necessário para desencadear o segundo. Este pode