Queima de lixo para geração de energia
Como cuidar dos lixos produzidos diariamente é um assunto que se situa além das discussões técnicas. O debate de idéias nesse campo geralmente omite uma questão anterior e fundamental: o direito de produzir, está acima do direito à saúde e ao meio ambiente equilibrado? Em tempos em que gregos e troianos desfraldam as mesmas bandeiras da “sustentabilidade”, da maior duração da existência do ser humano no planeta, já deveria estar proibida a moda, a fabricação de objetos não duráveis e que não tivessem a garantia de serem reutilizados, reciclados e compostados.
Mas bandeiras são apenas bandeiras, discurseira. À produção não interessa a necessidade real das pessoas, mas a acumulação de capital: interessa gerar excedentes de produtividade para comprimir custos para, em seguida, gerar novos excedentes de produtividade. Interessa produzir, seja o que for. Os custos, quaisquer que sejam – os lixos são um desses custos - são transferidos para a sociedade e para o meio ambiente: o planeta água, regido por ritmos naturais de purificação e reintegração, não acolhe tantos e tão diferentes tipos de lixos, produzidos em frenético ritmo industrial. Estes se acumulam e passam a participar dos ciclos biogeoquímicos da natureza. E em nós.
A questão do que produzir, no entanto, ainda é tabu e não está na agenda da sociedade. A pergunta seguinte que então se destaca é como cuidar desses lixos?
Ainda que secundária, é uma pergunta importante. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em agosto pelo presidente Lula, determina que produtores, comerciantes e importadores de certos objetos deverão empreender ações destinadas à recuperação dos lixos reutilizáveis e recicláveis; os rejeitos deverão ser tratados e dispostos em aterros sanitários ou incinerados para produção de energia elétrica.
O lixo ser recuperado e reciclado prioritariamente e o "resto" incinerado parece ser uma idéia razoável.
Incinerar não é uma idéia