Que se mueran los feos
Nessa semana acredito que tenhamos aprendido que se considerar feio depende muito do espelho que usamos, posto que o conceito de espelho, a visão especular, nos diz muito sobre o autoconhecimento e (re)conhecimento dos outros. Se usamos o "espelho da sociedade" para nos confrontarmos podemos ter muitas decepções ao querermos nos ajustar a ele, especialmente se a sociedade em consideração adotar padrões rígidos ou muito excludentes de beleza. Se usarmos "nosso próprio espelho" talvez possamos encontrar beleza até mesmo em nossa aparência física, de uma vez aceitamos como somos, sem mais nem menos. Alguns defeitos podem mesmo até se tornar virtudes. Reproduzindo aqui um trecho que escrevi a respeito do filme "Que se mueran los feos":
Acredito que a mensagem do filme, entre outras coisas muito interessantes e bem exploradas, seja essa mesma: de que primeiro precisamos nos aceitar, como somos em nossa real aparência, para depois reconhecer e valorizar o que temos dentro de nós - em termos potenciais (o que podemos fazer) e em termos práticos (o realmente já fazemos). A partir daí é possível "enfrentar" os padrões estabelecidos e as imposições estéticas, dado requerer a aceitação geral é difícil e é uma luta. Em determinados contextos é praticamente impossível e inviável, devendo-se levar em conta, muito a sério, a mudança de local. Ocorre muitas vezes que as pessoas tentam se adaptar e por isso são levadas à loucura. Literalmente, às vezes. E quem consegue se adaptar faz isso com custo alto, na maioria das vezes. Fazem plásticas, mudam hábitos, impõem regimes desgastantes, nem sempre saudáveis e quase nunca visando apenas à saúde. De fato, a sociedade moderna e capitalista consegue estabelecer seu padrão - seu próprio espelho - e todos que se adaptem a ele - os desvios são altamente condenados. Cabe a nós confeccionarmos nosso próprio espelho e se isso não é possível