QUE PODE UM AUDIODESCRITOR? TRADUZINDO IMAGENS DE DANÇA PARA PESSOAS CEGAS

QUE PODE UM AUDIODESCRITOR?
TRADUZINDO IMAGENS DE DANÇA PARA PESSOAS CEGAS

Ana Clara Santos Oliveira 1

Resumo: O artigo focaliza uma leitura da atividade de mediação, Audiodescrição, como um modo de tradução para comunicar imagens de dança para cegos, no intuito de entender a ideia de (re)criação de um audiodescritor alicerçada sob os processos tradutórios de Haroldo de Campos, Christine Greiner & Helena Katz, Lakoff &
Johnson e, dos pensamentos de imagem do neurocientista Antônio Damásio. Através desta Poética, a perspectiva de percepção do filósofo Alva Nöe encontra-se totalmente vinculada para considerar finalmente, que as percepções das pessoas cegas acontecem a partir do que se seleciona para a construção do roteiro, sendo ambos, audiodescritor e espectador, co-criadores das cenas, o que nos faz pensar/agir com novas possibilidades de composição em dança atrelada aos caminhos acessíveis.
Palavras-chave: Audiodescritor, Tradução, Imagem, Dança, Espectador Cego.
Introdução
A atividade de audiodescrever ainda está permeada na noção de que o audiodescritor (alguém capacitado para elaborar roteiros descritivos como também podendo atuar na narração de seus próprios roteiros) deve ser um sujeito imparcial ao que acontece nas cenas seja de dança, teatro, cinema, entre outras composições. Este artigo propõe uma leitura em que a Audiodescrição (AD) seja entendida como um modo de tradução no sentido de fazer possível a ideia do (re)criar que cabe a um audiodescritor, compreendendo que ele está dentro do processo encenado e, na medida em que traduz para comunicar está co-criando imagens de dança. Nesse trânsito poético, o espectador cego não é alguém passivo o qual somente recepciona as informações relevantes, é co-criador também das imagens a partir do que foi selecionado e mediado no roteiro.

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Graduada em Licenciatura em Educação Física e, Especialista em Saúde Mental (UESC). Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Dança (UFBA)