Qualidade de Vida no ambiente de Trabalho
Alegre, cantarolando uma canção ao ritmo da vassoura ou de aspecto doentio, semblante carregado de tristezas e preocupações, lá está ele a trabalhar. Em relação a muitos é um privilegiado pois tem um trabalho fixo. É claro que para consegui-lo deu mil explicações arrumou muitos documentos e testemunhas, fez várias caminhadas, ouviu mil promessas e mentiras, esperou semanas ou meses, mas depois de tantas lutas e sofrimentos arranjou um emprego. Agora é gari, herói e artista que faz um mísero salário mínimo dar para a sobrevivência. Mas ainda é um privilegiado que tem um emprego, enquanto muitos vagam ociosos sem trabalho, sem objetivo e sem remuneração. Muitas vezes é lembrado de que não deve reclamar de atraso no pagamento ou qualquer outra coisa, pois muitos gostariam de ocupar os seu lugar.
Não sonha com uma casa, confortável, nem com carro na garagem. Sente-se feliz se o salário do mês der para pagar o aluguel de um barraco na periferia e comprar alguns quilos de alimentos básicos. Gostaria de comer carne sempre mas espera que isto seja possível depois do próximo aumento.
E cabisbaixo, alheio as ações dos transeuntes ele se concentra nas suas próprias necessidades e preocupações: o óleo que acabou, o açúcar que não existe mais, a criança com febre, o aluguel vencido e o pagamento distante. Alguns trabalham sorridentes e animados. Deixam estampar no rosto uma alegria que certamente não provem do salário mas da fé em Deus. Alegre ou triste, lá vai ele varrendo, limpando, dando brilho à aparência da cidade enquanto a sua desaparece a cada dia.
Mesmo assim, varre gari continue varrendo, retire toda sujeira da cidade. Mostra com sua vida e seu trabalho, aos pequenos e grandes corruptos, que é possível ser honesto apesar de toda dificuldade. Mostra que se você pode passar pela vida com um pequeno salário, sem roubar o próximo, outros também poderão fazê-lo.
Mirtes de Paula Bueno