Qual o significado de se compreender o currículo como uma questão multidimensional?
Epistemologicamente. O que deve contar como conhecimento? Como saber fazer? Devemos tomar uma posição comportamental e uma posição que divida o conhecimento e o saber fazer em áreas cognitivas, afectivas e psicomotoras, ou precisamos de uma imagem menos redutora e mais integrada do conhecimento e da mente, uma imagem que saliente o conhecimento como processo?
Politicamente. Quem deve controlar a seleção e distribuição do conhecimento? Por meio de que instituições?
Economicamente. Como o controle do conhecimento é ligado à distribuição existente e desigual de poder, bens e serviços na sociedade?
Ideologicamente. Qual é o conhecimento de maior valor? A quem pertence esse conhecimento?
Tecnicamente. Como se pode colocar o conhecimento curricular ao alcance dos alunos?
Esteticamente. Como ligamos o conhecimento curricular à biografia e às ideias pessoais do aluno? Em que medida agimos “com astucia” como construtores do currículo e professores ao fazê-lo? De que forma coerente e justa em termos educacionais? Que noções de conduta moral e de comunidade servem de suporte ao modo como alunos e professores são tratados?
Historicamente. Que tradições já existem no campo que nos ajudem a responder a estas questões? De que outros recursos nós precisamos para ir mais além?
Portanto, a resposta à questão “o que se entende por currículo?” é uma missão, por um lado, complexa por que existe uma grande diversidade no pensamento curricular, e por outro, fácil na medida em que o currículo é um projeto de formação (envolvendo conteúdos, valores/atitudes e experiências), cuja construção se faz a partir de uma multiplicidade de praticas inter-relacionadas através de deliberações tomada nos contextos social, cultura e econômico.