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“Este funesto parasita da terra é o CABOCLO, espécie de homem baldio, inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela na penumbra das zonas fronteiriças. À medida que o progresso vem chegando com a via férrea, o italiano, o arado, a valorização da propriedade, vai ele refugindo em silêncio, com o seu cachorro, o seu pilão, a pica-pau e o isqueiro, de modo a sempre conservar-se fronteiriço, mudo e sorna. Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não adaptar-se. [...]
Acampam.
Em três dias uma choça, que por eufemismo chamam de casa, brota da terra como um urupê.
Tiram tudo do lugar, os esteios, os caibros, as ripas, os barrotes, o cipó que os liga, o barro das paredes e a palha do teto. Tão íntima é a comunhão dessas palhoças com a terra local, que dariam ideia de coisa nascida do chão por obra espontânea da natureza – se a natureza fosse capaz de criar coisas tão feias.
Barreada a casa, pendurado o santo, está lavrada a sentença de morte daquela paragem.”
(LOBATO, Monteiro. Urupês. Obras Completas de Monteiro Lobato. Vol. 1. São Paulo: Brasiliense, 1948.)
A respeito da relação entre os contos e os artigos que compõem o livro, é correto afirmar: a) Os contos de Urupês desenvolvem ficcionalmente os temas dos artigos; as personagens centrais são agregados que exaurem a terra até o limite e depois a abandonam. É o caso, por exemplo, de “Um suplício moderno”, em que se apresenta a rotina do caboclo e de sua família.
►b) Os caipiras de “A vingança da peroba” não são agregados, mas proprietários de terras. A oposição entre as duas famílias nesse conto deixa clara a possibilidade do progresso à custa do trabalho com a terra, de maneira diferente daquela representada nos artigos.
c) As personagens de “O comprador de fazendas” praticam a queimada e, por isso, não conseguem tornar produtivas as terras da