Pós modernidade
A inserção da disciplina de Sociologia na nova Lei de Diretrizes e Bases, LDB, na grade curricular do ensino médio ocorre num momento em que profundas mudanças sócio-econômicas e políticas se apresentam no cenário nacional. A própria LDB, na verdade, é parte desse processo de mudança. Todavia, apesar do caráter eventual dessas medidas, suas conseqüências afetam a própria estrutura social do país e, por conseguinte, novas perguntas se colocam sobre os meios e as técnicas do saber sociológico, acentuando ainda mais o debate sobre os novos paradigmas do conhecimento.
A crise paradigmática da Sociologia, e das Ciências Humanas em geral, não é nova. Já nos longínquos anos 50, Fernando Braudel (1992) procurava apresentar algumas soluções para aprimorar as várias interfaces entre a História e as Ciências Humanas. Desenvolveu, para tanto, o conceito interdisciplinar de longa duração do tempo histórico como uma possibilidade real de se apreender os processos estruturais, sem que as ilusões provocadas pela abordagem conjuntural, própria dos tempos curtos, comprometesse a análise da dinâmica estrutural.
Mas a discussão interdisciplinar, ainda que contribuísse para otimizar os resultados analíticos das diferentes áreas do saber das Ciências Humanas, não chegava a vislumbrar uma mudança paradigmática radical, como, por exemplo, as propiciadas pelas discussões internas nas Ciências Naturais (cf. KUHN, 2000).
É que a multiplicidade de métodos e técnicas díspares utilizados pelas Ciências Humanas torna difícil, e até mesmo impossível, o tipo de debate que se trava nos intra-muros das Ciências Naturais e Físicas. Nestas, uma certa coesão metodológica permite aprimorar meios e técnicas até, pelo menos, o surgimento de novos fenômenos não apreensível pelos paradigmas conhecidos. Assim, a física newtoniana se desenvolveu ao longo dos séculos até o momento em que as novas descobertas obrigaram a uma reformulação paradigmática